quinta-feira, 12 de julho de 2007

Folhas de bananeira

Não é raro se ouvir reclamações da classe política, que se sente injustiçada pelas críticas da imprensa e da própria população. Mas são exatamente os políticos que constroem a má fama que nivela todo eles por baixo e deixa os eleitores desestimulados quanto ao futuro deste país.

Crises e mais crises no Congresso e no governo federal, ministros, deputados e senadores envolvidos em falcatruas sem tamanho, com a anuência do Judiciário e o envolvimento de membros deste Poder, em muitas ocasiões.

Um dos fatores que mais contribuem para o descrédito da classe política brasileira é a total falta de compromisso com seus partidos. Os caras mudam de legenda como trocam de camisa, não há respeito por ideologias, correntes de pensamento e, a esmagadora maioria, não chega sequer a conhecer o estatuto do partido, antes de se filiar [e nem depois de sair].

Nos últimos dias, o sul e sudeste do Pará tem testemunhado um festival de troca de legendas daqueles que pretendem disputar as eleições municipais do ano que vem. E todos, absolutamente todos, sem respeitar a própria palavra proferida em discursos no decorrer da carreira. Um festival de rasteiras em antigos companheiros e juras de amor eterno [que todos sabemos quanto vai durar] aos novos correligionários. Vejamos alguns exemplos:

1. Em Itupiranga, o eterno almirista e tucano Benjamin Tasca se filiou ao PT [é isso mesmo: ao PT!!!!!] de Ana Júlia Carepa e Luiz Inácio. E nem fingiu constrangimento na hora de assinar a ficha [é bom que se diga que essa tremenda cara-de-pau foi demonstrada também pelos petistas que abonaram a filiação ou prestigiaram o ato];

2. Em Curionópolis, o também almirista, jatenista, máriocoutista e sei lá mais o que Wenderson Chamon, o Chamonzinho, está deixando o ninho tucano para abraçar Jader Barbalho, que num passado bem recente era considerado inimigo figadal da família Chamon. A cidade ainda está em estado de choque com a ida de Chamonzinho para o PMDB;

3. Em Jacundá, eleito em 2000 pelo PDT de Giovanni Queiroz, o prefeito Adão Ribeiro Soares tratou de se aninhar, logo no início do mandato ao PSDB. Reeleito em 2004 como uma das maiores lideranças tucanas no sudeste do Pará, homem de confiança de Almir Gabriel e Simão Jatene, bastou Ana Júlia ganhar o governo com o apoio de Jader Barbalho para Ribeiro correr para os braços do cacique peedemebista, procurando abrigo junto às bases do atual governo estadual. A operação só não deu certo porque o diretório municipal do PMDB vetou o ingresso do tucano de alta plumagem na legenda. Agora, contam fontes fidedignas de Jacundá, Adão Ribeiro está de namoro firme com o deputado Miriquinho Batista (PT) e só não se filiou ainda ao PT porque também há fortes rejeições ao seu nome nas bases do partido.

4. Em Ourilândia do Norte, o prefeito Francival Casseano do Rego, eleito pelo PL (hoje PR), também se filiou ao PT recentemente e jura que o sangue que corre em suas veias é mais vermelho do que o de qualquer outro mortal e que o seu coração bate PT, PT, PT, PT, PT desde criancinha.

5. E essa imoralidade não envolve somente prefeitos, ex-prefeitos e vereadores. O campeão da infidelidade partidária no Estado é o deputado federal Zequinha Marinho (PMDB), que já foi do PDT, do PTB, do PSC duas vezes e do PMDB também em mais de uma ocasião. E só não mudou de partido novamente este ano porque ficou com medo das conseqüências da decisão do TSE, que declarou que a vaga pertence aos partidos e não aos parlamentares.

6. Quer mais? O também deputado federal Lúcio Vale se elegeu pelo PMDB e hoje está no PR. O estadual Martinho Carmona foi reconduzido à Assembléia Legislativa pelo PDT e encontra-se atualmente no PMDB, mesmo partido onde foi parar os deputados estaduais Alessandro Novelino, eleito pelo PSC, e Josefina do Carmo, eleita pelo PFL (hoje DEM).

Além desses, fala-se de muitos outros políticos que só ainda não se filiaram aos partidos da base do governo estadual porque levam uma fama tão ruim nas costas que os caciques desses partidos vêem com restrição seus ingressos nas legendas. Se dependesse só dos candidatos ao troca-troca, eles já estariam dormindo abraçados ao governo [oficialmente, porque extra-oficialmente são baba-ovos de primeira categoria do governo do Estado].

Isso, para falar somente no Estado do Pará. Se ampliar a avaliação para o País, aí a coisa desanda de vez.

Com tudo isso, ainda querem que nós, pobres mortais, acreditemos na classe política e a levemos a sério. Assim não dá, senhores políticos!

2 comentários:

Anônimo disse...

O povo tá mesmo perdido!!

Anônimo disse...

Respeite as bananeiras...