terça-feira, 10 de julho de 2007

Inversão de prioridades

Há coisas que não se pode explicar, quando se fala de administração pública, especialmente quando se trata das administrações municipais. Alguns prefeitos parecem não ter noção de seus atos como gestores do dinheiro público, e cometem asneiras atrás de asneiras no decorrer de todo o mandato.
Ainda agora, alguns chamados administradores que estão à frente das prefeituras de municípios praianos, apesar de há muito tempo não pagarem [ou o fazerem muito porcamente] fornecedores e funcionários públicos e de aparecer nas pesquisas com altíssimos índices de rejeição por isso, acham que fazendo longos fins de semana com festas nas praias irão recuperar a simpatia dos eleitores e demais moradores de seus municípios.
Mesmo devendo a fornecedores por compras e serviços prestados em 2005 e 2006, e estarem pagando aos servidores com dias ou meses de atraso, esses tais preferem pagar caro para bandas de fora cantar nos palcos montados nas praias, do que utilizar esse dinheiro para atualizar os pagamentos de quem teve custos para realizar serviços e fornecer mercadorias às prefeituras. Esses fornecedores ficam meses a fio humilhados por secretários de Finanças ou tesoureiros que parecem ser os donos do dinheiro da prefeitura, tal é a arrogância com que tratam os credores do município. Como se os credores não tivessem o direito de cobrar o que é seu e as prefeituras e seus incompetentes prefeitos não tivessem a obrigação de pagar o que compram ou contratam.
Alguém pode ainda tentar defender esses absurdos com o argumento de que o povo tem direito ao lazer. Com o que concordo plenamente, mas convenhamos que é preciso estabelecer uma ordem de prioridade para atendimento dos "direitos da população".
O direito à saúde de qualidade, educação, merenda escolar, segurança pública, água tratada, esgoto, asfalto, etc. tem de vir antes do direito a uma hora, uma hora e meia, de música na praia, que não enche barriga de ninguém. Pelo contrário, passada a euforia, os problemas e as carências da comunidade parecem ainda maiores do que antes.
Para ser sincero, em quase 20 anos no sul do Pará, nunca tinha visto uma safra tão ruim de prefeitos em toda a região, com raríssimas e louváveis exceções. Lamentável, mas é o teor da nossa situação atual. Ainda bem que 2008 está bem aí...

2 comentários:

Anônimo disse...

É a tática do "pão e circo", amplamente utilizada na Roma Antiga para evitar rebeliões da massa pela ausência de serviços públicos essenciais. Enquanto se diverte na praia o populacho se esquece dos problemas, a maioria destes causada pela incompetências dos alcaides.

Anônimo disse...

Mas o povo precisa se divertir também. Claro, sem esquecer as demais necessidades da comunidade.