segunda-feira, 2 de julho de 2007

Lei da mordaça

É difícil acreditar que, em pleno século 21, ainda aconteçam coisas como as que estão ocorrendo em Tucumã, cidade localizada às margens da rodovia PA-279, no sul do Pará. Ali, acuado por denúncias de corrupção, o prefeito Alan de Souza Azevedo (PR), agora achou de enviar "mensageiros" para ameaçar os cidadãos que fazem oposição ao seu jeito de governar.
Depois de muitas outras notícias do descalabro administrativo que tomou conta da cidade, desde que Azevedo recebeu as chaves da prefeitura, em 2005, agora chega a informação de que, na última sexta-feira, o feirante e presidente de uma associação rural, Antônio Barbosa Soares, mais conhecido como "Cabeça Branca" (foto), foi ameaçado pela presidente do Conselho Interativo de Segurança e Justiça (Cisju), Socorro Biagi [funcionária comissionada do município], e por uma advogada da prefeitura identificada apenas como "dra. Shirley", que, para intimidar o feirante, de 74 anos de idade, levaram a tiracolo um delegado de polícia, um oficial da PM e vários policiais militares. Tudo porque "Cabeça Branca" vem liderando manifestações públicas contra o governo de Alan Azevedo.
Ora, até onde se sabe, em nenhuma manifestação feita até aqui, houve depredação de patrimônio e nenhuma agressão que pudesse ser considerada crime. A Constituição da República Federativa do Brasil garante a expressão de pensamentos e manifestações pacíficas por parte de qualquer cidadão.
Ao ameaçar o lider comunitário, o prefeito e/ou seus auxiliares [para não dizer de outra forma] pretende colocar uma mordaça na boca da população, como se esta fosse obrigada a assistir calada aos desmandos e à inércia da administração municipal. Uma vergonha que precisa ser combatida com força e coragem. A governadora Ana Júlia (PT) precisa determinar que se apure com rigor o que faziam policiais militares e até um delegado de polícia no local e horário da tentativa de intimidação a "Cabeça Branca", fato testemunhado por muita gente no Mercado Municipal.
Para agravar ainda mais a situação, os proprietários de carros de som foram "convidados" pelo promotor de Justiça Márcio Silva Maués de Faria a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) pelo qual ficaram impedidos de divulgar "mensagens que incitem manifestações populares em frente a órgãos públicos". Soa estranha a iniciativa do digno representante do MP, justamente no momento que os carros faziam a divulgação da "carta aberta" da Comissão Pró-Tucumã [já publicada aqui no blog] contra a administração de Alan Azevedo. Fato que também merece apuração rigorosa da Procuradoria de Justiça do Estado.
Num município onde os índices de homicídios e outros crimes bárbaros ultrapassam em muito os limites aceitáveis, o Ministério Público e as Polícias Civil e Militar deveriam estar envolvidos em outras preocupações, que não as manifestações pacíficas contra o prefeito municipal. Há crimes horrendos ocorridos nos últimos anos naquela região, sem uma resposta adeqüada da Polícia, do MP e do Judiciário: seqüestros seguidos de morte, assassinatos em praça pública, uma família inteira morta dentro de casa. Esta é a Tucumã dos tempos atuais, onde os cidadãos de bem são intimidados para se calar, enquanto os marginais deitam e rolam amedrotando a população.
Tive a oportunidade de entrevistar o prefeito Alan Azevedo, ainda quando candidato eleito no final de 2004. Saí da entrevista sinceramente entusiasmado com as idéias daquele engenheiro florestal para recuperar um município tão massacrado nos últimos anos. Confesso minha decepção, dois anos e meio depois, ao saber que Tucumã está ainda mais afundada, abandonada por quem, em tese, tinha a obrigação de trabalhar por seu povo.
Sem querer incentivar qualquer coisa, até para que o blog também não seja convidado a assinar um TAC, creio que melhor faria o prefeito Alan se cumprisse o que foi motivo de boatos na última semana: renunciasse ao cargo. Seria um ato de grande decência para quem provocou tanta esperança no povo de Tucumã, mas não foi capaz de manter seus compromissos com aquela comunidade tão sofrida. Nada tenho de pessoal contra o prefeito, mas compartilho da sensação de abandono na qual vive hoje uma gente muito trabalhadora e honrada que é a comunidade tucumãense.

3 comentários:

Anônimo disse...

Cadê a CGU para dá uma prensa nas autoridades de Tucumã que estão deitando e rolando com o dinheiro público.

Anônimo disse...

Todo mundo sabe dos desmandos que ocorre em Tucumã. Será que a justiça até hoje é a unica que não sabe, ou os politicos de Tucumã são intocaveis.ACORDA JUSTIÇA O DINHEIRO DO POVO ESTÁ SENDO GASTO PARA BENEFICIOS PARTICULARES DOS POLITICOS COM MANDATOS EM TUCUMÃ!!!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Ha Tucumã povo trabalhador mas nunca possuiu politicos honestos e que respeitem o povo com trabalhos para o bem da comunidade nunca se viu. Vai completa 12 anos de atraso, primeiro os dois mandatos do DITADOR Celso (quase 8 anos), depois este atual Alan que além de ser pior que o Laudi (2º prefeito), acha que todos têm que ficar calado diante da enercia e falta de administração da sua prefeitura que trata como empresa particular e está aprendendo a ser ditador. Há o povo é apenas um detalhe e tem memoria curta. MAs convem lembrar que a população de Tucumã está perdendo a paciencia. Se fosse em Ourilândia vereadores e prefeito de Tucumã já teriam sido botados para correr a muito tempo.