terça-feira, 24 de julho de 2007

Com sede na beira do Tocantins

Entra ano, sai ano, e a falta de água continua atormentando a vida dos moradores de Marabá. Apesar de morar no encontro de dois grandes rios [Tocantins e Itacaiúnas], o marabaense sofre com as torneiras secas, às vezes por dias seguidos, enquanto a Cosanpa continua a prometer que resolverá o problema, como mostra ampla reportagem do jornal "Correio do Tocantins", edição da última sexta-feira (20).
E o governo [tanto o atual, do PT, quanto o anterior, do PSDB] insiste em manter a estrutura deficitária da estatal de saneamento, recusando-se até a ouvir quem fala na necessidade de privatizar a companhia. Uma falta de visão absurda que só prejudica a população, que paga por um produto que não consome. Pelo menos não na quantidade que é cobrado, já que a Cosanpa não foi capaz, até hoje, de colocar hidrômetros nas milhares de ligações residenciais e comerciais que fez em Marabá.
Exemplos não faltam de que a privatização pode ser a saída para Cosanpa. No vizinho Tocantins, a Saneatins, privatizada, há muito colocou água de qualidade em todos os municípios daquele Estado. Agora, como não tem mais onde investir por lá, está atravessando a fronteira para o Pará, para aqui fazer o que a ineficiente Cosanpa é incapaz de realizar.
Já tem alguns anos que a Saneatins implantou sistema de água em São Geraldo do Araguaia, a 150 km de Marabá. E, posteriormente, implantou também sistema de coleta e tratamento de esgoto doméstico, inaugurado inclusive com a presença do ex-governador Simão Jatene (PSDB).
Se prestarmos atenção, o fornecimento de energia elétrica no Pará melhorou, e muito, depois da privatização da Celpa, ainda que haja a ressalva sobre o valor da energia no Estado, que é um dos mais altos do País. Mesmo assim, se olharmos para o passado recente, nos lembraremos do pisca-pisca que era a eletricidade em nossa região. Faltava luz quase todo dia e a qualidade dos serviços era precária.
Não dá para negar que a privatização é o melhor caminho a ser seguido na prestação de serviços. O Estado precisa concentrar sua atenção a setores mais essenciais como segurança, saúde e educação, deixando à iniciativa privada [melhor qualificada para atender ao setor] áreas como energia, transportes, saneamento e obras públicas.
Sei que muitos nostálgicos vão dizer que o Estado é quem deve manter sob sua administração todos esses serviços, no melhor estilo do "petróleo é nosso", campanha nacionalista [e burra] do passado. Mas fatos são fatos e não é possível negar que a iniciativa privada está a anos-luz do governo em matéria de gestão.

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ATUALIZADA ÀS 12H05

Faltou dizer que a Saneatins, atualmente, está de olho nos mercados de Xinguara, Curionópolis e Tucumã, onde as prefeituras, diante da inércia da Cosanpa e do governo do Estado e da falta de recursos próprios para resolver a gravíssima questão da água, decidiram, com o aval dos vereadores, privatizar os sistemas públicos locais de água e esgoto, através de concorrência pública.
Como dificilmente irá aparecer concorrentes com a experiência técnica da Saneatins, que hoje já vende água por cartão em Palmas, capital do Tocantins, é muito provável que a empresa tocantinense vai abocanhar esses mercados. Debaixo das barbas da Cosanpa, que só promete e nada faz.
Já disse, em minha coluna no jornal Opinião, e repito: qualquer hora dessas a Saneatins estará fornecendo água na sede da Cosanpa, em Belém, enquanto o governo insiste em não fazer nada eficaz para resolver o problema da Companhia de Saneamento do Pará.

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