O Liberal, que se autodenomina o "melhor jornal do Norte e Nordeste", continua sua saga contra a reestruturação territorial do Pará. Depois dos fiascos que foram as entrevistas com o presidente da Associação Comercial do Pará (ACP), Altair Vieira, e com o deputado estadual Joaquim Remo-Paysandu-Nossa Senhora de Nazaré Passarinho, que disseram um monte de besteiras sem consistência contra o movimento pela divisão do Pará, a folha dos Maiorana [para usar um termo do nosso amigo Juvêncio Arruda] atacaou hoje de Zé Geraldo. Ele mesmo: o presidente estadual do PT e deputado federal Zé Geraldo é o encarregado do dia de lutar contra Carajás e Tapajós.
Mesmo tendo uma conversa um pouco mais consistente do que os dois inaptos anteriores, Zé Geraldo se utiliza dos manjados argumentos de que os novos Estados são inviáveis pelo custo da infra-estrutura necessária para funcionar os novos governos [sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário, Tribunal de Contas, etc.]. Um argumento risível, para quem é lider do partido que governa hoje o Estado do Pará.
E mais: disse o deputado que o momento é impróprio para se discutir a divisão do Pará porque o governo do Estado tem um projeto de integração, de descentralização de investimento, blá blá blá... Conversa que o povo do interior do Pará está ouvindo há 400 anos, sem que nada aconteça.
Sustenta ainda Zé Geraldo que as distâncias das regiões que pretendem se emancipar, com relação à capital, não é justificativa para se pedir a criação de um novo Estado, com o governo mais próximo da população. É... o nobre parlamentar parece conhecer apenas as pistas dos aeroportos, não deve ter enfrentado ainda uma viagem de carro [ou de ônibus] de Belém a Conceição do Araguaia ou a São Félix do Xingu. Deve ser por isso, que o Zé apareceu todo serelepe dia desses, ao lado de dois secretários de Estado (!!!), inaugurando o cascalhamento da estrada que liga Canaã dos Carajás à localidade conhecida como "Posto 70", na PA-150.
Por não estar muito acostumado a percorrer a região por terra, o deputado deve achar uma grande vantagem patrolar e colocar cascalho numa estrada, a ponto de fazer uma festa para inaugurar o serviço, com direito a desenlace de fita e não sei até se não colocaram placa para descerrar. Esse tipo de obra, deputado, as prefeituras e até os colonos estão acostumados a bancar, até pela completa ausência dos governos estadual e federal nos últimos 400 anos.
Confesso que esperava mais do presidente do PT, que fala, na entrevista de hoje em O Liberal, de uma tal "análise conjuntural", porém sem se aprofundar na avaliação de conjuntura alguma.
A bem da verdade, Zé Geraldo e o PT são contra a divisão do Estado apenas porque são contra. E ponto final.
Já disse aqui, e em comentário no blog 5ª Emenda, que não é surpresa para nenhum sul-paraense que o PT [aí incluída a governadora Ana Júlia] se posicione contra a divisão do Estado. Simplesmente porque esse partido sempre foi contra a criação de Carajás. A diferença, repito, é que antes eles podiam sair pela tangente, já que não eram governo, e conseguiram durante muito tempo camuflar sua contrariedade quanto à possível criação do nosso Carajás. Agora, estando no poder, o PT não pôde mais ficar atrás do muro e teve que se posicionar sobre a questão.
Disse lá no 5ª Emenda e vou repetir: não faz nenhuma diferença se Zé Geraldo, Zé das Couves, Zé Passarinho, Zé Vieira ou qualquer outro "Zé", petista ou neopetista, seja contra Carajás. O movimento vai continuar firme e, ainda que demore 10, 20, 50 anos, os sul-paraenses vão permanecer na luta pela emancipação desta região.
Há mais de 20 anos começou essa luta e, em todo esse tempo, o PT se esquivou de abraçar a causa da nossa região. Por que faria diferença agora sua declaração oficial de que é contra os sul-paraenses?
O troco se dará nas urnas.
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