segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Pará, terra da insegurança

Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?"  Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? (*)


Antes, era a "sensação de insegurança". Agora, é a insegurança absoluta que reina no Pará, da capital aos mais longíquos municípios do interior.

Em Marabá, bandidos cobram pedágio para que os cidadãos possam andar por determinadas ruas da cidade. De arma em punho, abordam as pessoas nesses locais e quem não paga o que eles querem corre o risco de não dar mais um passo sequer.

Na madrugada de hoje, motoristas e cobradores de ônibus urbanos entraram em greve, não reivindicando melhores salários ou benefícios de seus empregadores, mas em protesto pela total falta de segurança no exercício da profissão. As dezenas de assaltos, com tentativas de homicídio contra os profissionais do transporte coletivo e a completa ausência de providências por parte das autoridades levaram, segundo o sindicato da categoria, à paralisação.

A chamada "dupla da moto" e outros justiceiros continuam a matar impunemente, quase todos os dias, na cidade. Ninguém pode sacar dinheiro dos bancos com o mínimo de tranqüilidade. A população vive sobressaltada e ainda é obrigada a assistir à cínica publicidade da "Terra de Direitos".

Que direitos temos hoje, se não podemos colocar os pés fora dos altos muros e das cercas elétricas sem o temor de sermos assaltados e até assassinados, e sem que o Estado faça alguma coisa para assegurar o nosso bem-estar? Isso, os que têm casas, muros, dinheiro para medidas de segurança como cercas elétricas e outras.

Onde estão os direitos dos pais de família que saem de madrugada para trabalhar sem a garantia de que voltarão para casa no final do dia?

É muito blablablá para pouca ação. O Estado simplesmente se finge de morto, enquanto a bandidagem aterroriza a vida dos contribuintes. O governo parece muito mais preocupado em trocar nomes de policiais nas repartições do setor de segurança, sem apresentar medidas que possam nos trazer esperanças palpáveis de melhora. Muita política e pouco resultado para nós, os mortais cidadãos [e bota mortais nisso!!!].

E é assim, em Marabá, em Belém, em Tailândia, em Santarém, em São Félix do Xingu e nos outros 138 municípios que formam o Pará.

E o que é pior: ninguém consegue enxergar nem um pequeno ponto de luz no fim desse túnel. E, pela falta de medidas eficazes, o que se vislumbra são dias ainda piores.

Quantas vidas ainda serão ceifadas, até que o governo decida sair do discurso, do chororô da "herança maldita" de governos anteriores, para mostrar efetivamente a que veio e qual é verdadeiramente a sua capacidade para exercer a autoridade que lhe foi concedida pelo povo?


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(*) Trecho de discurso do orador, filósofo, escritor, advogado e político romano Marco Túlio Cícero, em 63 a.C.

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