terça-feira, 12 de maio de 2009

A guerra continua


Do Blog Espaço Aberto, do jornalista Paulo Bemerguy:


"Quem dará o bote primeiro: Ana Júlia ou Jader?

Até os peemedebistas – ou principalmente eles – se perguntam.

Se o PMDB está esfolado até o pescoço, por que ainda não rompeu com o governo Ana Júlia?

Até os peemedebistas – ou principalmente eles – se perguntam.

Se o PMDB está sendo tão maltratado pelo PT, por que então não desembarca de uma vez e fica de fora, na confortável posição de atacante em relação ao governo Ana Júlia?

Até os peemedebistas – ou principalmente eles – se perguntam.

Por que o deputado federal Jader Barbalho, presidente regional do PMDB, prefere chamar auxiliares da governadora de fofoqueiros, em vez de romper de uma vez por todas, já que seu partido, conforme todos os peemedebistas reclamam, está sendo tão maltratado?

“É porque o Jader está mais velho do que todos nós. E por conta disso, parece que tem uma paciência maior do que a de todos nós para aguentar tudo isso”, arrisca-se em responder um peemedebista histórico com quem o blog conversou.

Um outro, que não é peemedebista, mas observa atentamente a postura do maior partido do Pará, no caso o PMDB, tem um outro olhar sobre esse estica-encolhe em que se transformou a aliança entre PMDB e PT.

“O Jader não vai romper agora. Ele ainda detém cargos, muitos cargos no governo. E vai levar essa situação até onde lhe for conveniente. Vai deixar que a corda estique até onde for possível. E é mais provável que decrete o rompimento não agora, mas no próximo ano, que será o da eleição”, diz o observador.

Os peemedebistas, todos sabem, são um pote até aqui de mágoa com o governo Ana Júlia.

 

Ana Júlia está nas mãos do PMDB

E Ana Júlia, todos sabem, é um pote até aqui de comprometimento político com o PMDB de Jader Barbalho.

O comprometimento de Ana Júlia com o PMDB tem a ver – tudo a ver – com a governabilidade.

A governadora, mais do que ninguém, sabe que sem o PMDB ela não poderia governar hoje. O PMDB, tanto quanto o PT, é absolutamente indispensável para que a governadora, bem ou mal, continua a governar.

Disso resultam conveniências que aparentemente transparecem como conflitantes, mas que em regra acabam sendo convenientes para os dois lados.

De um lado, Ana Júlia precisa do PMDB e não abre mão, neste momento, de mantê-lo como aliado, ainda que seu governo e seu partido tratem os peemedebistas a pontapés, segundo sentimento predominante no próprio PMDB.

De outro lado, os peemedebistas, mesmo tratados a pontapés, segundo eles próprios reclamam, ainda mantêm o cacife de formar na base aliada do governo e disso tirar proveitos que, se são pequenos e cada vez mais minguantes, de qualquer forma não deixam de ser proveitos.

É mais ou menos isto: o PMDB finge que é governo, e o governo finge que tem o PMDB como aliado.

Esse é um casamento de aparências.

E as aparências, todos sabem, muitas vezes enganam.

Mas, neste caso, as aparências, como convêm a um lado e outro, conservam a corda esticada.

Até que Jader escolha o momento certo para dar o bote.

Ou até que o governo Ana Júlia escolha a hora mais propícia para dar o bote.

No jogo de aparências, é assim."


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